segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Brasil é foco de atenção da Femsa Obras em Itabirito começam neste mês e presidente do grupo mexicano diz que unidade será motivo de orgulho para o país.

Linha de produção da empresa em Belo Horizonte, que deve serdesativada no futuro para dar lugar a um grande centro de distribuição  ((Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS - 25/1/07))






Marta Vieira
Publicação: 07/10/2012 07:34 Atualização: 07/10/2012 07:42


Linha de produção da empresa em Belo Horizonte, que deve ser desativada no futuro para dar lugar a um grande centro de distribuição.

México (Monterrey) – “Minas Gerais é uma agradável surpresa”, define o presidente do grupo mexicano Femsa, – maior engarrafadora da Coca-Cola no mundo –, José Antonio Fernández Carvajal, ao falar sobre o principal investimento em curso da companhia no Brasil, a construção da fábrica de Itabirito, na Região Central do estado. Além da localização favorável à logística de distribuição que ele mesmo conferiu em visita a Minas, o executivo destacou ter encontrado “gente de talento” em terras mineiras, enquanto a companhia avaliava o projeto orçado em US$ 250 milhões.

A unidade, que será a quinta planta industrial da Coca-Cola Femsa Brasil, nasce como o estado da arte em tecnologia de engarrafamento do mundo e uso eficiente de recursos como água e energia, uma espécie de fábrica verde. “A planta de Itabirito será um orgulho para todo o Brasil”, garantiu Fernández Carvajal, durante encontro com jornalistas de sete dos nove países em que a Femsa opera na América Latina em Monterrey, sede administrativa do grupo no México.

Os equipamentos da fábrica de Itabirito já foram encomendados a fornecedores alemães e italianos e devem chegar ao Brasil dentro de oito meses, informou o diretor de negócios estratégicos da Femsa, Alfonso Garza. As obras civis no terreno de 300 mil metros quadrados deverão começar no fim do mês, seguindo um cronograma que prevê a entrada em funcionamento em meados do ano que vem. A capacidade de produção está dimensionada para 2,1 bilhões de litros de refrigerantes por ano.
As instalações da Coca-Cola Femsa em Belo Horizonte vão continuar trabalhando por um período ainda indefinido, até que a companhia bata o martelo sobre a ideia de transformar a unidade em um grande centro de distribuição. Por enquanto, a fábrica de Jundiaí (SP), que recentemente recebeu aportes para ampliar a produção, permanece como referência no segmento dos engarrafadores, mesmo status da unidade mexicana de Toluca, próxima da capital, Cidade do México.

O presidente da Femsa não esconde que gosta do Brasil e tem motivos de sobra para acreditar no país. Os negócios brasileiros já representam 20% de todo o resultado do grupo, em apenas nove anos de atuação, ao passo que o México, onde a empresa surgiu como uma fabricante de cervejas em 1890, responde por metade. “Há potencial de crescimento em todo o Brasil. Obviamente, o país é um trampolim muito grande para a empresa crescer na América Latina, integrando outros engarrafadores”, afirma Fernández Carvajal.

HISTÓRIA


A Coca-Cola Femsa pisou em solo brasileiro por meio da aquisição da engarrafadora Pananco, em 2003, e cerca de cinco anos mais tarde adquiriu a envasadora mineira Remil. No ano passado, atendeu 50 milhões de consumidores no país, distribuiu 1,157 bilhão de caixas de bebidas, mantendo 28 centros de distribuição, e faturou US$ 14,5 bilhões. São 33 marcas, incluindo a de sucos Del Valle. O grupo mexicano adquiriu a Del Valle em sociedade com a Coca-Cola Company e negociou troca de ações, participando com 20% da Heineken.
A estratégia de aquisições não para, segundo o presidente da Femsa, em toda a América Latina. A companhia opera em nove países (México, Brasil, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela e Argentina). Ao todo, distribui 2,6 bilhões de caixas de bebidas, a partir de 35 plantas industriais, atendendo 215 milhões de consumidores, com mais de uma centena de marcas de bebidas.

Os planos da Femsa, de acordo com Carvajal, estão centrados no esforço de dar alternativa aos consumidores de todas as faixas de renda e o Brasil é um bom exemplo disso. A companhia, que no passado só vendia refrigerante em latas e litros, hoje tem um portfólio enorme de apresentações, nas versões de 250 ml , 300 ml , 350 ml e 600 ml. O executivo enfatizou que o custo Brasil ainda pesa, embora o governo tenha anunciado um pacote de investimentos em infraestrutura, mas a contrapartida está num mercado consumidor muito grande.

Braço da empresa se articula com a Fiat

Plataforma de crescimento do grupo Femsa na América Latina, o Brasil já oferece oportunidades para ampliação dos negócios de transporte da companhia mexicana e é alvo de lançamento de produtos considerados inovadores no segmento de bebidas não alcoólicas. O diretor de Negócios Estratégicos do grupo, Alfonso Garza, afirmou que as atividades da distribuição tendem a ser beneficiadas com aportes financeiros, integrando operações no país e nos vizinhos latino-americanos.

“O Brasil é trampolim para outros negócios e vamos investir muito em transportes”, disse o executivo. A Femsa Logística está atendendo dois clientes importantes: a Fiat Automóveis, de Betim, na Grande Belo Horizonte, e engarrafadores da Coca-Cola andina. O serviço prestado à montadora italiana consiste no transporte de peças da fábrica mineira para a Argentina, percorrendo também o caminho inverso.

Fernández Carvajal confidenciou que o grupo mexicano desenvolve, em parceria com a Coca-Cola Company, um produto que associa leite a suco, teste que está sendo feito no Panamá com boas chances em outros países do subcontinente. “Buscamos inovação e criatividade. O segredo disso é ter gente capacitada”, disse. Sobre os planos de introduzir no Brasil a rede de lojas de conveniência OXXO, dona de um terço dos negócios da companhia, observou que a questão não está só na distância em relação ao controle das mais de 10 mil lojas em funcionamento no México. O segredo é conhecer bem os costumes do consumidor brasileiro.

* A repórter viajou a convite da Coca-Cola Femsa

Fonte: Estado de Minas